sexta-feira, 28 de agosto de 2009

PROFESSORES - ODISSÉIA




COMENTÁRIO SOBRE "CARROÇA VAZIA"

Não poderia deixar de publicar esse pequeno texto "CARROÇA VAZIA" que recebi por e-mail de vários amigos. As reflexos populares que pulululam pela internet são obras de uma consciência coletiva que vem se formando por meio da rede. É preciso estar atento para essa nova ordem de conhecimento. Será?
Específicamente sobre o texto (de sabedoria imensa), às vezes, em nosso cotidiano, encontramos muitas carroças vazias. O que me preocupa é se um dia, ou dias que virão, fui (ou serei) uma carroça vazia.

Carroça Vazia

Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros, você esta ouvindo mais alguma coisa ?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.

- Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia.

Perguntei ao meu pai:

- Como pode saber que a carroça esta vazia, se ainda não a vimos ?

- Ora, - respondeu meu pai. - É muito fácil saber que uma carroça esta vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), ou tratando o próximo com grossura inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e, querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo: 'Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...'

Autor desconhecido.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

SILÊNCIO

Parece-me que não há mais lugar nenhum onde se possa encontrar o silêncio. Espécie em extinção, um ambiente silencioso passa a ser uma ameaça para muitas pessoas.
Num mundo rápido e conturbado, incomodam ambientes e pessoas silenciosas. Essas pessoas, que cultivam a saudosa arte de ficar quietas, são tratadas como portadoras de distúrbios gravíssimos, o que as tornam perigosas para a manutenção do cotidiano, para a sociedade. Ou, de forma mais branda, um antipático, mal-educado, pretensioso.
Além do mundo externo não suportar o silêncio, cada dia mais acredito que o mundo interno das pessoas também não suportam. E mais, acredito que o primeiro é reflexo fiel do segundo caso. E para não se encontrar sozinho com seu próprio interior, é necessário barulho.
Pegue exemplos bobos, como estar sentado, em silêncio, lendo um bom livro quando alguém, no afã de ser caridoso, cordial ou amoroso, vem blindar-nos com uma palavrinha amiga ou mais. Perguntar se o livro ou a leitura está proveitosa. E daí para outras palavrinhas não há obstáculo, chove assunto e escorre a paciência e a vontade de continuar lendo. Mesmo com um claro "hum hum" de enfadonho, o nosso amigo comunicativo prossegue em sua epopeia. Então o paraíso fenece. Se o leitor for uma pessoa educada e paciente, tentará tratar com a devida atenção e respeito ao interlocutor. Caso contrário, sabe lá Deus quantas reações grosseiras poderia se ter. Num elevador, duas pessoas e um silêncio gostoso onde os pensamentos podem trabalhar, apesar do barulhinho inconfundível da máquina. Mas para quebrar tal quietude, um assovio aparece não se sabe de onde e depois uma melodia e, quando se vê, o companheiro do lado está cantarolando e, chateado, reclama por que da demora de chegar ao andar. E se lá fora chove ou não. Se as flores que carrego é para a jovenzinha do quinto andar, se não me conhece de algum lugar distante na infância. Uma garota, em seu momento de descanso e relaxamento, senta num banquinho da praça, fecha os olhos, cabeça inclinada para o alto respira profundamente em busca dos aromas das flores próximas, muitos pensamentos se formam e ela procura organizá-lo para ponderar um por um. Mas percebe-se vigiada e num repente ouve. "Olá, tudo bem? O que anda fazendo por aqui?
É quase insuportável as inúmeras vezes em que se pretende aproveitar um momento de silêncio para poder se encontrar e aparece uma alma caridosa para nós tirar da solidão. Minha teoria é que as pessoas não só tem medo de solidão, mas isso virou uma histeria. Os ruídos, barulhos, sons, gritarias, conversas, discussões - e outros tantos - são as armas de uma sociedade moderna para fugir de si própria e não entrar em contato com a própria consciência. Vai que ela queira repreender o cidadão por um determinado ato que fez questão de (tentar) esquecer. Talvez, fugir do silêncio é fugir do julgamento moral que nos fazemos constantemente
O silêncio pode ser um indicativo de culpa? Não! De reflexão. Vivemos num mundo onde ninguém quer refletir. E claro, para usufruir da arte de reflexão é necessário entrar em contato direto com seu eu interior, indagar, repensar, criar e discutir internamente. Para isso é necessário silêncio. Já tentou refletir com alguém do seu lado assoviando hino esportivo? Não dá. Ler numa sala onde o companheiro gosta de mostrar seus dotes artísticos musicais ou sua retórica não dá.
No mais, continuo procurando um lugarzinho, escondido e silencioso onde eu e eu possamos nos encontrar. Espero que esse ninho não seja o túmulo, porque lá já não quero mais refletir, já não quero mais pensar. Somente dormir.